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Santa Liberdade
31 mars 2005

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Soberania se impõe com ocupação do espaço-físico.

É assim no campo de futebol, na administração de uma empresa ou propriedade, na luta pelo poder num morro carioca. Já diz o ditado: “O que engorda o boi é o olho do patrão”. Até em casa vale a máxima, para nossa sociedade machista, que o Ricardão só entra quando não ocupamos devidamente o espaço, ou, no popular, quando não “comparecemos”.

O ocorrido em Cidade Ocidental prova, mais uma vez, o dito acima. A população “compareceu” e não deixou que os ricardões assediassem a esposa prefeitura.

O uso da violência só se justifica pelo atraso na iniciativa. Houvesse presença constante da população na vigilância dos atos públicos, a situação não chegaria a tal ponto. É mais uma coisa que aprendemos com nossos erros. Que o episódio sirva de exemplo para que a população – o eleitorado – comece a participar mais da vida política de sua cidade, marcando presença constante nos atos do legislativo e executivo.

Exemplos não faltam de como a presença do público impõe sua vontade e o respeito dos legisladores. Há poucas semanas, o aumento dos salários dos deputados foi frustrado pela pressão popular. Esta semana, assistimos à deserção do governo federal na votação da MP 232, quando viu sua própria base acuada pelo clamor da população.

São lições de “Demo – Cracia” que vamos aprendendo aos poucos. Mas essas conquistas em âmbito federal, embora sejam notórias e entusiásticas, não se sustentam por muito tempo se não tomarmos o controle a nível municipal e regional: se nossos políticos não saírem daqui já condicionados pelo exercício constante da Soberania dos Cidadãos.

BL

http://www.folhablu.com.br/ler.noticia.asp?noticia=9243&menu=27 

A revolta de Cidade Ocidental


Foi uma surpresa e tanto para os integrantes do poder legislativo (com minúsculas, mesmo) do pobre município goiano de Cidade Ocidental, que tem 50 mil habitantes.
Quase vizinhos de seus poderosos pares do Congresso Nacional, que fica a apenas 45 Km, os políticos da pequena cidade ousaram estabelecer dois salários extras para o prefeito, a vice e meia dúzia de secretários, que passariam a ter “direito” a 14º e 15º salários.
A população já aguardava ansiosa, e, ao anúncio do resultado da corporativíssima votação, os manifestantes, literalmente, saíram no braço e os integrantes da Câmara quase apanharam de fato – aliás, diga-se, levaram uma surra moral. Os que defendiam os bons costumes políticos, de resto solenemente ignorados pela politicalha local foram reprimidos pela polícia, mas saíram convictos de que o protesto valeu. Certamente, a carreira política daquela gente encerrou-se ali; porém, com prazo de validade até as próximas eleições.
O levante popular passa a fazer parte da história daquela cidade, e quem quer que venha a eleger-se por lá, haverá de pensar duas vezes antes de legislar em causa própria.
A ganância sempre leva as pessoas a extremos de insensatez, e o salário, de R$ 8.400,00 não é pouco para os padrões brasileiros, especialmente em se tratando de políticos, que não são lá de se matar de trabalhar.
Haverá quem diga que foi um ato de selvageria, que as coisas não se resolvem assim, mas esta mini-revolução demonstra que quando os cidadãos são afrontados daquela maneira, uns berros e solavancos adquirem uma certa legitimidade.
Os poderes constituídos impõem aos cidadãos a força do Estado de maneira ilegítima, ditatorial mesmo, quando perpetram abusos descarados, como os aumentos de verba dos deputados, patrocinados por Severino Cavalcanti, que tornou-se o ícone, o manual vivo de tudo o que não se deve fazer em matéria de (boa) política.
O governo Lula vai definhando; não obstante ter submetido o País a sacrifícios enormes para fazer encolher a dívida pública, vem aumentando seus gastos sobremaneira, no inchaço de 114 mil novas contratações – FHC eliminou 180 mil cargos -; no aumento do número de beneficiados pela Lei Orgânica de Assistência Social – Loas, a um custo extra de R$ 26 bilhões; no acréscimo de 44% em seu gasto com funcionários; nos R$ 180 milhões de seu Aerolula, que nem tem voado tanto assim, mas avião parado também gera altos custos.
O Judiciário faz a sua parte na orgia de gastos, com seus automóveis Ômegas importados e o aumento de 40% em sua folha de pagamentos e o Legislativo, como se não tivesse sua imagem suficientemente conspurcada, aumenta sua folha em 62%.
Não são poucos os motivos para a revolta de Cidade Ocidental, até a Receita Federal faz a sua parte, gentilmente cedendo um (ou mais) automóvel Mercedes-Benz importado, de altíssimo luxo ao comando da Marinha. Imagine-se um almirante desfilando de Mercedes, bonito, não? Ao invés de leiloar a quase limusine, destinando os recursos a fins mais nobres, a Receita acha de fazer cortesias às forças armadas.
O governo federal gasta mais com carros oficiais, gasolina, motoristas e peças que com o programa Primeiro Emprego.
Assim caminha o Brasil, um governo incompetente, um Congresso indecente e um Judiciário que opta por luxos que são um acinte à população majoritariamente pobre.
Em suma, os três poderes, de costas para o País. Certamente por isto, o pessoal de Cidade Ocidental desistiu do diálogo.

Por Luiz Leitão
Administrador e articulista

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